O cansaço pelo excesso de atividades e horas trabalhadas parece ser uma condição tão comum quanto uma dor de cabeça. Todos vamos sentir com certa frequência. Mas o Esgotamento Emocional e a Síndrome de Burnout merecem nossa atenção.
A exaustão é quase sempre associada à escassez de recursos para manter a produtividade idealizada. E este pode ser o foco principal: a ideologia profissional. Quando temos nossa carreira como o principal valor de nossa identidade, estamos dispostos a ir longe. Muitas vezes até longe demais!
Nos permitimos entrar em uma competição sem regras e prêmios bem definidos, onde a necessidade de se destacar parece ser mais importante que família, relacionamentos e saúde. Suportamos mais horas, mais tarefas, mais funções e mais pressão. Para termos um cargo de destaque podemos aceitar assédios nas relações de trabalho que podem ir da humilhação à violação. Para que o status desejado seja alcançado, mudamos nossas atitudes, descartamos nossos valores, mudamos até nossas roupas.
Sem perceber vamos nos esvaziando de nós mesmos para dar mais espaço para tudo o que nosso projeto, empresa ou cargo nos demandam. Acumulamos linhas em nosso currículo, curtidas em nossas redes e dinheiro em nossa conta. Ganhamos sintomas, conflitos e medos! Medo de perder, medo de não sermos suficientes, medo de não suportarmos mais.
Em nome de nossa ideologia profissional, abandonamos nossos recursos mais valiosos. Os recursos humanos! Virtudes como empatia, resiliência, humildade, paciência ou perseverança são substituídas por soft skills corporativas importantes no perfil do LinkedIn. Trocamos relacionamentos de confiança e lealdade por conexões. Substituímos propósitos por metas.
Para alcançamos o ideal, podemos acabar nos aproximando do vazio de sentido. E com tudo isso acontecendo longe de nossa consciência, acredite, ficamos realmente esgotados!
Roger Oliveira
Psicólogo Clínico
CRP: 06/178679